Diagnóstico precoce é primordial para tratamento do câncer de boca
O Instituto Nacional de Câncer estima que o Brasil deve ter registrado neste ano cerca de 14.700 novos casos de câncer de boca, dos quais 11.200 devem ter acometido homens. De acordo com o cirurgião dentista do Seconci-SP, Antonio Luiz Bianco, a enfermidade abrange as patologias malignas que surgem no lábio, língua, gengivas, palato (céu da boca), glândulas salivares, amígdalas e orofaringe (parte da garganta logo atrás da boca).
Bianco assinala que o diagnóstico precoce é primordial para que o tratamento possa ser realizado de forma eficiente e o paciente consiga se recuperar e ter as sequelas reduzidas. Porém, como muitos não têm o hábito de consultar o dentista a cada seis meses, há casos em que as lesões são descobertas quando já atingiram diversas regiões da cavidade bucal.
Os sintomas mais comuns são feridas que não cicatrizam e manchas avermelhadas ou esbranquiçadas na parte interna da boca, rouquidão persistente, dor ou desconforto na mastigação e deglutição dos alimentos, dificuldade de fala e a presença de nódulos (caroços) no pescoço.
“É muito importante que a pessoa faça o autoexame para identificar anormalidades nas regiões onde a enfermidade é mais comum. Isso não exclui as visitas regulares ao dentista, pois há lesões que podem passar despercebidas”, destaca.
Geralmente, o tratamento envolve a realização de cirurgia e/ou radioterapia, que podem ser utilizadas de forma associada ou isolada.
Principais fatores de risco
O álcool e o fumo seguem como os principais causadores da doença e, quando associados, a probabilidade de surgimento da enfermidade é ampliada. Nestes casos, o tratamento é realizado por meio de acompanhamento profissional de uma junta médica para que o paciente consiga abandonar o vício. “No Seconci-SP temos, inclusive, grupos de apoio formados por especialistas de diversas áreas que auxiliam trabalhadores que desejam se livrar do uso do tabaco e outras drogas”, lembra Bianco.
Outros fatores causadores da doença
HPV (Papiloma vírus): O risco de infecção pelo HPV de boca e garganta é mais recorrente em pessoas que praticam sexo oral sem proteção e têm múltiplos parceiros. É comum também em fumantes, devido à queda do sistema imunológico provocada pelo tabaco. A prevenção ao HPV é realizada por meio de vacinas disponíveis na rede pública de saúde.
Exposição à luz ultravioleta: A radiação emitida pelo sol é um dos fatores que proporcionam o câncer de lábio e pele. Para os trabalhadores da construção civil, que desenvolvem atividades laborais por longos períodos expostos aos raios solares, a recomendação é usar protetores de pele e labial com fator entre 40 e 60.
Dieta: A alimentação pobre em nutrientes também está associada ao câncer de boca e orofaringe. Isso porque este tipo de hábito pode baixar a imunidade. Por este motivo, é recomendável uma dieta balanceada, que inclua frutas, legumes, verduras, cereais e grãos (arroz, feijão, soja, milho e ervilha).
Higiene bucal precária: A falta de limpeza regular da cavidade bucal pode acarretar problemas como a perda de dentes, doenças gengivais graves e lesões pré-cancerosas como as Leucoplasias (manchas brancas na mucosa da boca, geralmente embaixo da língua). O tratamento é realizado por meio de intervenção cirúrgica para a remoção da parte afetada e o paciente faz o acompanhamento com retornos ao consultório a cada três meses. Por esta razão, complementa o cirurgião dentista, é muito importante manter a higiene regular da boca, escovando os dentes após cada refeição e, no mínimo, três vezes ao dia.