Consumo de álcool aumenta incidência de pancreatite
Quase 3% da população brasileira acima de 15 anos de idade são considerados alcoólatras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que equivale a mais de 4 milhões de pessoas. O álcool cria dependência e pode levar ao desenvolvimento de outras 200 doenças. “A bebida é, de todas, a principal causa da pancreatite, uma inflamação do pâncreas que pode ser aguda ou crônica”, alerta Moacir Augusto Dias, gastroenterologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).
Quando o pâncreas está inflamado, as enzimas no seu interior atacam e danificam os tecidos que as produzem. Qualquer uma das formas da pancreatite – aguda ou crônica – é grave e pode estar relacionada ao uso crônico de álcool. As principais manifestações da doença são dor e distensão abdominal, náuseas e vômito.
Desde 2013, o Seconci-SP oferece o Grupo de Apoio e Orientação no Tratamento Ambulatorial para Dependência Química, conduzido por uma equipe interdisciplinar – psiquiatra, nutricionista e assistente social. “A maior parte das pessoas que procura o grupo faz uso abusivo do álcool, seguindo-se usuários de crack, cocaína e maconha. Há também os casos de dependência cruzada, quando se usa mais de uma dessas substâncias”, explica Angela Nogueira, coordenadora do setor de Serviço Social da entidade. “Normalmente, eles nos procuram quando os prejuízos já estão aparentes, como a iminente perda de emprego, da separação do cônjuge ou mesmo quando há risco de morte”, disse.
No grupo, os dependentes químicos passam pelo acolhimento, etapa em que se explica a doença, suas causas e consequências; e pela troca de experiências, quando o corpo profissional procura orientá-los a lidar com a ambivalência (indecisão entre prós e contras de parar de usar drogas) e a mudar os pensamentos automáticos (tais como “álcool relaxa”).
Com o objetivo de alertar os trabalhadores para os perigos do consumo de álcool e drogas, o Seconci-SP promove palestras nas empresas, nas quais o Grupo de Apoio é fortemente divulgado. “É importante ressaltar o caráter sigiloso do serviço, pois é comum nesses ambientes o preconceito, o estigma com relação à psiquiatria e, consequentemente, o desestímulo por parte dos colegas”, completa Angela. “É essencial procurar apoio. Recomendamos aos encarregados ou responsáveis pelo Recursos Humanos das empresas sempre conversarem e nunca confrontarem o alcoólatra”, aconselha.