A necessidade de uma gestão abrangente para prevenir acidentes no trabalho em altura foi a tônica do Encontro Estadual de Segurança e Saúde do Trabalho, realizado junto com a Reunião do Comitê Permanente Regional da Norma Regulamentadora (NR) 18, em 18 de novembro, no Seconci-SP. O evento foi uma realização conjunta de Canpat (Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho) 2025, Seconci-SP e Ministério do Trabalho e Emprego.
Abrindo o encontro, Maristela Honda, presidente do Seconci-SP e vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, afirmou que “o tema da gestão dos riscos do trabalho em altura é extremamente relevante para a construção. Infelizmente os acidentes fatais continuam acontecendo. Precisamos avançar além das Normas Regulamentadoras e dos treinamentos. Agir pela implementação de uma cultura prevencionista, em saúde e segurança dos trabalhadores da construção, é uma das missões do Seconci-SP. Todo o nosso atendimento aos trabalhadores e seus familiares está voltado para a prevenção.”
Guilherme Garnica, chefe da seção de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) da Superintendência do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo, destacou que pretende utilizar a parceria do Seconci-SP para realizar outros eventos de conscientização como este, nos próximos anos. “Não vamos acabar com todos os acidentes, mas podemos conscientizar empregadores e trabalhadores sobre a importância de um trabalho seguro”, disse.
Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de São Paulo), afirmou receber em média 60 denúncias por dia de irregularidades. “Há construtoras boas com obras boas e outras obras péssimas, às vezes a culpa não é da empresa e sim de um engenheiro ou do administrativo; precisamos agir [para sanar as irregularidades], às vezes pela conscientização e às vezes pela dor (aludindo à deflagração de greves). O SindusCon-SP nunca deixou de nos apoiar em busca de soluções”, afirmou.
Acidentes fatais
Viviane Forte, auditora fiscal do Trabalho, apresentou a Canpat, visando capacitação sobre SST, e informou sobre o conteúdo a respeito, existente no canal da internet da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho. Relatou que 724 mil acidentes de trabalho ocorreram em 2024, dos quais 185 mil aconteceram no Estado de São Paulo. Comentou que muitos são os acidentes por queda, alguns fatais, como ocorreu recentemente em São Paulo com um trabalhador que aplicava insufilme na fachada de um edifício.
Rodrigo Vaz, auditor fiscal do Trabalho, fez uma apresentação sobre a Gestão do Risco Ocupacional incluída na NR 1 e sua integração com a NR 35. Assinalou que a avaliação dos riscos na NR 1 é abrangente para todos os perigos e deve ser exercida de forma contínua. Mostrou as disposições da NR 35, que abrange desde o planejamento até a execução da segurança nos trabalhos em altura. Destacou a importância do exame médico adequado para relatar se o trabalhador pode realizar aquele trabalho.
A Gestão da Saúde Ocupacional para o Trabalho em Altura e a nova exigência de Avaliação Psicossocial da NR-7 foram apresentadas por Giancarlo Brandão, superintendente Ambulatorial do Seconci-SP, e Alexandre Costa, gerente Médico Ambulatorial desta entidade. Assinalaram o aumento dos casos de saúde mental nos últimos anos, em boa parte como consequência da pandemia, e também porque se fala mais no assunto. O mesmo tem acontecido na construção, acrescentaram. Informaram que dependência química e digital, além de impotência sexual, tem levado a esses casos, entre outros fatores.
Os profissionais fizeram recomendações sobre como o médico do trabalho deve proceder para avaliar aptidão ao trabalho em altura, prestando atenção em relatos sobre medo de altura, endividamento, medicamentos que dão sonolência, problemas em casa, entre outros. Relataram como o Seconci-SP procede nos exames médicos e trata os casos que surgem, com ênfase em se escutar o trabalhador. A entidade também desenvolve um trabalho de capacitação das lideranças para identificar os casos que necessitam de encaminhamento especializado.
Gestão do Trabalho em Altura
Um dos painéis abordou a Gestão da NR-35 – Trabalho em Altura. Pelos empregadores, Gianfranco Pampalon, consultor técnico do Seconci-SP, fez uma apresentação sobre a Gestão do Trabalho em Altura. Destacou ser fundamental planejar, fornecer condições de trabalho, treinar, eliminar ou reduzir os trabalhos em altura, proporcionar que a retenção de queda seja feita de forma segura e sensibilizar as lideranças para a questão.
Mostrou as opções mais seguras de acesso a serem adotadas ainda na fase de planejamento, e a implantação dos sistemas de proteção mais adequados e do equipamento de proteção individual (EPI) para prevenir os acidentes, ou reduzir os riscos se a queda ocorrer. Lembrou a importância de trabalhadores e Cipa serem ouvidos na escolha do EPI, e de uma correta ancoragem. Líderes precisam ter cuidado genuíno em relação aos trabalhadores, acrescentou. E apresentou as novas exigências sobre escadas.
Falando pelos trabalhadores, Robinson Leme, secretário Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) e diretor da Feticom-SP (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção do Estado de São Paulo), fez uma apresentação sobre EPI para Trabalho em Altura e Sistema de Proteção contra Quedas.
Ele ressaltou a importância de um planejamento adequado, incluindo a elaboração prévia de um projeto do sistema de proteção com base nas normas técnicas. Apresentou os principais sistemas disponíveis, chamou a atenção para ensaios prévios, inspeções periódicas. Alertou para cuidados com os sistemas individuais de proteção. Questionou a existência de treinamento à distância para o trabalho em altura, as falsificações envolvendo treinamentos e outras irregularidades. E discorreu sobre os cuidados em relação aos pontos de ancoragem, desde a fase de projeto, que precisam estar compatíveis com o disposto na NR 35.
Pelo governo, Antonio Pereira do Nascimento, auditor fiscal do Trabalho, fez uma apresentação sobre a Gestão de Máquinas e Equipamentos para Trabalhos em Altura. Alertou que jornadas excessivas de trabalho também ocasionam acidentes. Mostrou alguns casos recentes de acidentes, com ou sem EPI, com elevadores, andaimes, e as falhas que os ocasionaram, como falta de manutenção e não atenção às normas técnicas.
O auditor listou os dez itens que motivam acidentes nos trabalhos em altura, destacando a falta de projetos. Explicou que plano de ação vai além das obrigações como o fornecimento de EPIs: é para aumentar a segurança no canteiro. Lembrou que já estão em vigor as normas técnicas de guarda-corpo provisório e redes de proteção, e que em breve sairá a de andaimes. Mostrou os cuidados previstos na NR 12 em relação ao uso de máquinas e equipamentos, especialmente em elevadores, gruas e minigruas.
Ao final, Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações de Capital-Trabalho do SindusCon-SP e membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP, destacou que neste ano em que se comemora o tripartismo, o evento reuniu empregadores, trabalhadores e governo. Informou ainda que no Seconci-SP trabalham 708 pessoas com deficiência, além de um instrutor de curso de Libras. E colocou a entidade à disposição do governo para treinar os novos auditores fiscais da construção.
O encontro foi conduzido por José Bassili, gerente do SESMT do Seconci-SP.
Assista ao evento:
Gestão de SST
O Seconci-SP e o Instituto Trabalho e Vida realizaram em 14 de novembro o seminário técnico Gestão de SST (Saúde e Segurança do Trabalho). Pelo Seconci-SP, participaram da mesa de abertura José Bassili, gerente do SESMT, e Maria Cecilia Rocha, gerente da Regional Ribeirão Preto.
O evento, realizado no auditório da Regional, contou com palestras sobre saúde mental na construção, uso de contêineres nos canteiros, gestão de risco para atividades em altura, e uso adequado de telas e redes em obras.








