Não julgue a pessoa, incentive-a a buscar tratamento, recomenda psiquiatra do Seconci-SP
Pessoas atingidas por uma situação muito dolorosa, que não sabem como enfrentar, suicidam-se por não enxergarem outra forma de sair deste sofrimento. Daí a necessidade de estarmos alertas e oferecermos acolhimento quando alguém próximo a nós sinaliza estar ingressando neste quadro.
As observações são da dra. Amara Alice Darros, psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), por ocasião da Campanha Setembro Amarelo e do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 10 de setembro.
“A depressão pode levar ao suicídio, mas não necessariamente. Situações como uma profunda frustração amorosa, a descoberta de uma doença grave ou o bullying afetam algumas pessoas a ponto de elas padecerem de grande sofrimento mental. Também há o acúmulo de frustrações, que conduz à desesperança. Estas e outras situações podem evoluir para um quadro de desespero, levando a pessoa a agir impulsivamente e atentar contra a própria vida”, explica a psiquiatra.
Os últimos dados da Organização Mundial da Saúde davam conta de que mais de 727 mil suicídios notificados ocorreram em 2021. No Brasil, registraram-se cerca de 15.495 mil casos naquele ano, ou seja, uma média de 42 pessoas por dia.
Ofereça apoio
Amara recomenda que, se um amigo, colega de trabalho ou familiar apresentar mudança de comportamento, isolando-se sem motivo aparente e até revelando pensamentos suicidas, é preciso levá-lo a sério. “Não o julgue nem o critique, ofereça imediatamente acolhimento e apoio, e o estimule a buscar tratamento por profissionais especializados. Embora o apoio de familiares e amigos seja vital, ele não substitui o tratamento adequado.”
Se o tratamento indicado for por meio de medicação, a psiquiatra recomenda que o paciente permaneça sob a supervisão de um familiar. “Durante o período inicial do tratamento, pode acontecer de a pessoa voltar a ter um impulso suicida, daí a importância de ela ser acompanhada por uma pessoa próxima.”
Um ponto de atenção muito importante é observar efeitos psicológicos das redes sociais que prejudiquem a saúde mental. Por isso, é importante que os pais acompanhem as atividades dos filhos nestas plataformas e conversem com eles a respeito. “Adolescentes nem sempre possuem maturidade para lidar com as frustações e podem tomar decisões de forma desesperada.”
Atenção especial deve ser dedicada às pessoas mais velhas. “A aposentadoria, quando a pessoa deixa a rotina de trabalho, ou quando os filhos se casam e mudam de casa, são situações que podem ser traumáticas para alguns indivíduos. É importante que a pessoa se mantenha ativa e receba o apoio dos amigos e da família.”
De acordo com a médica, ninguém deve se sentir culpado por pensamentos de morte. “A pessoa pode estar padecendo de uma disfunção neuroquímica, um processo inflamatório do sistema nervoso central, que leva a uma disfunção hormonal, podendo estar associado à história familiar e à memória genética”.
Cuidados preventivos
Segundo a psiquiatra, para prevenir impulsos suicidas, recomendam-se práticas espirituais, religiosidade, um bom suporte familiar, realização profissional, capacidade de adaptação, atividades prazerosas como exercícios físicos e danças, e reforço da autoestima.
O Seconci-SP conta com um corpo médico multidisciplinar, composto por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais preparados para tratar aqueles pacientes e apoiar seus familiares. A entidade também realiza palestras sobre o tema nas empresas. Informações: relacoesempresariais@seconci-sp.org.br ou pelo telefone (11) 3664-5844.
Em caso de emergência, a pessoa pode ligar para 188, o CVV – Centro de Valorização da Vida, que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntariamente e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat 24 horas, todos os dias.
Outra possibilidade é entrar em contato com a Vita Alere de Prevenção e Pósvenção do Suicídio, pelo site https://vitaalere.com.br . Esta entidade tem entre suas missões minimizar o sofrimento das pessoas e oferecer suporte psicológico e psiquiátrico em situações de comportamento suicida e luto por suicídio.
