A segurança no trabalho em altura exige mais do que equipamentos e normas: depende de atenção integral à saúde física e mental dos profissionais da construção civil. Essa foi a principal mensagem transmitida pelos médicos do Seconci-SP Giancarlo Brandão, superintendente ambulatorial, e Alexandre Costa, gerente ambulatorial.
Eles palestraram no painel “Saúde e Segurança nas Alturas: Boas Práticas no Atestado de Saúde Ocupacional da Construção Civil”, realizado em 7 de dezembro, no segundo dia da Semana Canpat (Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho) – Construção 2025.
Giancarlo Brandão reforçou o papel da Atenção Primária em Saúde (APS), projeto do Seconci-SP, como ferramenta estratégica para o setor. Segundo ele, a iniciativa tem levado unidades móveis aos canteiros de obras para realizar triagens, mapeamentos e campanhas de prevenção. “A ideia é levar a saúde até o canteiro, e não o contrário. Assim, conseguimos traçar o perfil de cada empresa e desenvolver programas específicos, seja de diabetes, hipertensão ou saúde mental”, explicou.
Alexandre Costa apresentou dados sobre o perfil dos trabalhadores da construção civil, destacando o envelhecimento da força de trabalho e a crescente incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. “Essa mudança etária exige cuidados redobrados. Precisamos olhar para o trabalhador de forma mais ampla, entendendo suas limitações e promovendo ações preventivas”, afirmou.
Um dos temas mais debatidos foi o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) em atividades com risco de queda, regulamentadas pela NR-35. Alexandre Costa ressaltou que, embora a norma não determine exames obrigatórios além da avaliação clínica, há uma “janela de oportunidade” para o médico identificar doenças ou condições que possam comprometer a segurança. “Mesmo que o exame clínico seja suficiente para a aptidão, usar esse momento para investigar mais a fundo pode salvar vidas”, disse.
Brandão complementou com uma reflexão: “Quanto vale uma vida? Às vezes, um exame de baixo custo pode detectar uma condição que evitaria uma tragédia. Medicina ocupacional e segurança não são custo, são investimento”.
Saúde mental
Outro ponto central do painel foi a saúde mental dos trabalhadores. Os especialistas destacaram o aumento de casos relacionados a estresse, dependência digital e endividamento por jogos de azar, fatores que afetam diretamente a atenção e o desempenho no canteiro.
“Muitos trabalhadores não reconhecem o adoecimento mental. É preciso criar espaços de escuta e acolhimento”, observou Brandão. Alexandre Costa acrescentou que o diálogo diário entre equipes de segurança, RH e saúde é essencial para identificar sinais de vulnerabilidade e prevenir acidentes.
Encerrando o debate, os participantes reforçaram a importância da capacitação contínua e da liberdade para o trabalhador expressar quando não se sente apto a atuar em altura. “Mais do que cumprir uma exigência normativa, o foco deve ser o cuidado genuíno com a vida. Cada exame, cada conversa, cada treinamento é parte dessa proteção”, resumiu Costa.
Assista ao painel clicando aqui.
Investimento
Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP e membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP, participou em 6 de dezembro da abertura da Semana Canpat Construção. Ele reforçou a importância da formação contínua e do investimento em tecnologia para a redução de acidentes.
“Investir em segurança dá lucro para as empresas. O trabalhador é quem constrói o Brasil, e cuidar da sua saúde física e mental é o que move o nosso setor. Estamos avançando em tecnologia e inovação para reduzir riscos e melhorar as condições nos canteiros”, afirmou.
No dia 8, Ishikawa, que também é coordenador do Grupo Estratégico de SST da Comissão de Políticas de Relações Trabalhistas da CBIC, mediou o painel sobre o EPI (Equipamento de Proteção Individual sob o olhar do fabricante. Para Ishikawa, “o EPI é indispensável no dia a dia das obras. É preciso reforçar a importância de escolher bem, usar corretamente e fiscalizar constantemente”, destacou.
O palestrante foi Raul Casanova Júnior, diretor executivo da Animaseg, que chamou a atenção para a responsabilidade dos empregadores na aquisição de EPIs de qualidade. Para assistir a esse painel, clique aqui.
Segurança e produtividade
No dia 9, José Bassili, gerente do SESMT do Seconci-SP, mediou o painel Gestão no Canteiro de Obras: A Base da Produtividade e da Segurança. Ele ressaltou que “uma boa gestão no canteiro é essencial para garantir produtividade e segurança, bem como a qualidade da obra”.
Palestrando neste painel, a engenheira de segurança e supervisora do Departamento de Segurança do Trabalho do Seconci-MG, Andreia Kaucher, destacou que produtividade e segurança caminham lado a lado nos canteiros. E o professor universitário da Escola de Engenharia de Piracicaba, Eduardo Buoso, reforçou a importância do planejamento integrado como diferencial competitivo e de segurança nas obras.
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O evento ainda contou com o painel “Trabalho em Altura com Segurança: Aplicação dos Guias de Sistema de Ancoragem da CBIC”. Para assisti-lo, clique aqui.
A Semana Canpat Construção 2025 foi promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT/MTE) e o Seconci Brasil.